A Metropolia de Addis Abeba é a Sé Primacial da Igreja Etíope, uma das 23 Igrejas Orientais Sui juris em comunhão com a Igreja de Roma.
Frumêncio, um cristão fenício, era escravo do rei etíope. Após ter naufragado e sido capturado ainda jovem, Frumêncio foi levado a Aksum, onde foi bem tratado junto com seu companheiro Edésio. Na época, havia uma pequena população de cristãos da Ásia Ocidental vivendo em Aksum que buscava refúgio da perseguição romana. Ao atingir a maioridade, Frumêncio e Edésio foram autorizados a retornar às suas terras natais, no entanto, escolheram ficar a pedido da rainha. Ao fazer isso, começaram a promover secretamente o cristianismo pelas terras.
Durante uma viagem para se encontrar com os anciãos da igreja, Frumêncio se reuniu com Atanásio, Patriarca de Alexandria. Após recomendar que um bispo fosse enviado para evangelizar o país, um concílio local decidiu que o próprio Frumêncio fosse nomeado bispo da Etiópia.
Em 331 d.C., Frumêncio retornou à Etiópia, sendo recebido de braços abertos pelos governantes que, na época não eram cristãos. Dez anos depois, com o apoio dos reis, a maior parte do reino foi convertida e o cristianismo foi declarado a religião oficial do estado.
Os Nove Santos Siríacos e os missionários de Sadqan expandiram o cristianismo muito além das rotas de caravanas e da corte real, através de comunidades monásticas e assentamentos missionários, a partir dos quais o cristianismo era ensinado. Os esforços desses missionários siríacos da Igreja Oriental, provenientes da Assíria (Mesopotâmia e sudeste da Anatólia), da Ásia Menor e da Arameia (Síria), facilitaram a expansão da Igreja para o interior e causaram atritos com as tradições locais. As missões cristãs siríacas também serviram como centros permanentes de aprendizado cristão, nos quais monges falantes de sírio começaram a traduzir a Bíblia e outros textos religiosos do grego e aramaico para o etíope, para que seus convertidos etíopes pudessem realmente ler as Escrituras. Essas traduções foram vitais para a disseminação do cristianismo, que deixou de ser a religião de uma pequena porcentagem de etíopes que podiam ler grego ou aramaico/sírio, se espalhando por toda a Etiópia.
Durante o século VI, o Patriarcado de Alexandria incentivou a imigração de sacerdotes e diáconos para Aksum e um programa de recrutamento cuidadoso de líderes religiosos no reino para garantir que a rica e valiosa diocese de Aksum permanecesse sob o controle do patriarcado alexandrino. Há poucas evidências sobre as atividades do cotidiano da Igreja Aksumita primitiva, mas é claro que as tradições doutrinais e litúrgicas essenciais foram estabelecidas nos primeiros quatro séculos de sua criação. A força dessas tradições foi a principal força motriz por trás da sobrevivência da Igreja, apesar de sua distância do patriarca em Alexandria.
Com o cisma da Igreja Copta de Alexandria do resto da cristandade em 451 d.C., a Igreja Etíope que dela dependia igualmente se manteve separada das demais Igrejas Apostólicas.
Com o surgimento do islamismo no século VII, os cristãos da Etiópia tornaram-se isolados do resto do mundo cristão. O chefe da Igreja Etíope era nomeado pelo Patriarca da Igreja Copta de Alexandria, no Egito, e monges etíopes tinham certos direitos na Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém. A Etiópia foi a única região da África a sobreviver à expansão do islamismo como um estado cristão.
No século XV, missionários católicos chegaram à Etiópia. Em 28 de agosto de 1439, o Papa Eugênio IV enviou uma mensagem de unidade com a Igreja Católica ao imperador etíope Qostantinos I, mas esse esforço não teve sucesso.
Com os ataques islâmicos até 1531 ameaçando a Etiópia cristã, um apelo do imperador aos portugueses trouxe apoio para derrotar os invasores. Missionários jesuítas vieram com os portugueses para a Etiópia, focando suas atividades de conversão na classe governante do país, incluindo o imperador, para que a Igreja Ortodoxa Etíope se unisse à Igreja Católica. O imperador Susenyos foi convertido principalmente pelo Padre Pedro Páez.
Em 1622, Susenyos declarou o catolicismo como religião do Estado. No ano seguinte, o Papa Gregório XV nomeou Afonso Mendes, um jesuíta português, Patriarca da Igreja Etíope. Uma união formal foi declarada em 1626, quando o Patriarca Mendes veio ao país. Com Mendes tentando latinizar a igreja etíope e Susenyos usando a força para impor essa latinização, houve em uma forte reação do clero e do povo. Em 1632, Susenyos morreu e seu sucessor, Fasilides, em 1636, removeu Mendes do país, terminando assim a união com Roma e removendo ou matando os missionários restantes. Nos 200 anos seguintes, a Etiópia foi fechada a missões católicas.
Em 1839, missionários italianos lazaristas e capuchinhos chegaram, embora sob certas limitações impostas devido à forte oposição pública. Nesse mesmo ano, Justin de Jacobis foi nomeado o primeiro Prefeito Apostólico da Abissínia e encarregado da fundação de missões católicas no país. Após laborar com grande sucesso na Abissínia por oito anos, foi nomeado Bispo titular de Nilópolis em 1847 e, logo depois, Vigário Apostólico da Abissínia, mas recusou a dignidade episcopal até que finalmente foi forçado a aceitá-la em 1849.
Em 1919, o Colégio Etíope Pontifício foi fundado dentro dos muros do Vaticano pelo Papa Bento XV, com a Igreja de Santo Estêvão, atrás da Basílica de São Pedro, designada como a igreja do Colégio.
A Igreja Latina estabeleceu-se no sul da Etiópia em áreas que não eram cristãs e que foram incorporadas ao país moderno apenas no final do século XIX. A ocupação italiana da Etiópia em 1936 aumentou o número de jurisdições da Igreja Latina, mas a expulsão de missionários estrangeiros no final da Segunda Guerra Mundial significou que o clero católico do Rito Etíope teve que assumir a responsabilidade por áreas desprovidas de clero católico. Assim, em 1951, foi estabelecido o Exarcado Apostólico de Addis Abeba para os fiéis de Rito Etíope. Dez anos depois, em 20 de fevereiro de 1961, uma província eclesiástica de rito etíope foi criada, com Addis Ababa como sede metropolitana e Adigrat (na Etiópia) e Asmara (na Eritreia) como Eparquias sufragâneas.
Em razão de sua origem na Igreja Ortodoxa Tewahedo Etíope, a Igreja Católica Etíope utiliza o Rito Alexandrino, na língua Ge'ez, conhecido como Rito Etíope.
A Igreja Etíope conta com cerca de 80 mil fiéis e está organizada em 4 circunscrições: a Metropolia de Addis Abeba, e as Eparquias de Adigrat, Bahir Dar–Dessie e Emdeber.
Governo
Sua Eminência Berhaneyesus Demerew Souraphiel, C.M.
Arcebispo Metropolita de Addis Abeba dos Etíopes
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