segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Arquidiocese Maior de Trivandrum dos Siro-Malankares



A Arquidiocese Maior de Trivandrum é a Sé Primacial da Igreja Siro-Malankar, uma das 22 Igrejas Orientais Sui juris em comunhão com a Igreja de Roma.

É uma das duas Igrejas dos Cristãos de São Tomé ou Mar Thoma Nasranis, cuja história remonta aos primórdios da era cristã. Segundo a tradição, São Tomé teria evangelizado o sul da Índia, mais precisamente o Kerala, no ano 52. Ali o Apóstolo teria convertido 12, em alguns relatos 32, famílias brâmanes, as quais deram origem aos Nasranis. A fonte escrita mais antiga são os Atos de Tomé, escritos no início do século IV, provavelmente em Edessa. Há referências à evangelização de São Tomé na Índia em Ambrósio, Gregório Nazianzeno, Jerônimo e Efrém. Eusébio de Cesareia menciona a visita de seu mestre, São Panteno, a comunidades cristãs na Índia no século II.

Com a chegada de missionários da Pérsia, da Igreja do Oriente, a Igreja na Índia se organizou e se expandiu com a chegada de São Tomás de Caná ou Canaã. A ele se deve a origem dos cristãos Knanaya, do sul, distintos dos cristãos do norte, descendentes diretos de São Tomé Apóstolo. No início do século IV, o Patriarca da Igreja do Oriente providenciou bispos e sacerdotes e, no século sétimo ampliou sua jurisdição sobre a Índia. Embora a Igreja da Índia nunca tivesse rompido a comunhão com a Igreja universal, por depender do Patriarca da Igreja do Oriente, já estava no cisma desde o século V.

No século VIII o Patriarca Timóteo I organizou a Província da Índia regida por um bispo enviado da Pérsia com o título de Metropolita da Sé de São Tomé e de toda a Igreja Cristã da Índia. Sua sede era provavelmente Cranganore ou Mylapore. Havia sob sua jurisdição certo número de clérigos, como também o Arquidiácono nativo, com autoridade sobre os clérigos e muitos poderes seculares.

Ao longo dos séculos, a distância e problemas geopolíticos levaram ao rompimento de contato entre a Igreja da Índia e a Igreja da Mesopotâmia em vários momentos, levando mesmo à supressão da Metropolia no século XI. As relações foram restabelecidas em 1301, mas novamente cortadas no mesmo século XIV com o colapso da Igreja do Oriente. No século XV a Igreja da Índia ficou sem metropolita por inúmeras gerações, tendo seus poderes sido exercidos pelo Arquidiácono.

Os Nasranis encontraram-se com os portugueses em 1498, quando se deu a expedição de Vasco da Gama. Logo firmaram com os portugueses uma aliança a fim de se protegeram durante um período de instabilidade política. Os portugueses fundaram uma Arquidiocese Latina em Goa e puseram os cristãos indianos sob a jurisdição do arcebispo latino.

Embora inicialmente moderados em sua relação com os cristãos nativos, os portugueses tornaram-se cada vez mais agressivos e, quando um cisma dividiu a Igreja do Oriente em duas, com dois patriarcas, os portugueses souberam manobrar a situação em seu favor e controlar a Igreja na Índia. Nem o patriarca da Igreja do Oriente nem o da Igreja Caldeia, em comunhão com Roma, puderam governar a Igreja da Índia. Em 1599, após a morte do último Metropolita Caldeu, Mar Abraham, o Arcebispo de Goa, tendo garantido a submissão do jovem Arquidiácono, organizou um sínodo em que implementou inúmeras reformas administrativas e litúrgicas na Igreja da Índia. O sínodo trouxe formalmente a Igreja da Índia à comunhão com a Igreja Católica, embora nunca tenha havido um rompimento formal. Mas algumas medidas de caráter social e litúrgico, assim como outras políticas coloniais, geraram insatisfações e revoltas.

Em 1653, o Arquidiácono Tomás reuniu-se com representantes da comunidade que decidiram não se submeter ao Arcebispo de Goa e reconhecer apenas o Arquidiácono como Pastor. Decidiram ainda que o Arcebispo devia ser consagrado bispo, o que se fez pela imposição de mãos de doze sacerdotes. Assim nasceu uma Igreja nativa, independente dos portugueses e governada pelo Metropolita de Malankara. Os portugueses tentaram uma reconciliação, mas não tiveram sucesso.

O Papa Alexandre VII enviou um bispo siríaco como chefe de uma delegação que conseguiu convencer a maioria de que a consagração do Arquidiácono como bispo foi inválida. O sacerdote Parambil Chandy Kathanar foi consagrado bispo com o título de Metropolita de toda a Índia em 1662. Mar Chandy foi o primeiro Matropolita nativo. Aqui surgiu o primeiro cisma permanente entre os cristãos da Igreja da Índia, os seguidores de Mar Chandy e os do Arquidiácono Tomás, a Igreja dos cristãos malabares (costa malabar da Índia) descendem dos primeiro, e a Igreja Malankar (ilha de Malliankara, lugar em que aportou São Tomé), dos últimos.


Em 1665 chegou a Índia Mar Gregorios, enviado pelo Patriarca Siríaco Ortodoxo de Antioquia, e o grupo dissidente sob a autoridade do Arquidiácono o acolheu bem. Os malankares aderiram às tradições teológicas e litúrgicas siríaco-ocidentais e passaram a ser conhecidos como Jacobitas.

No início do século XX, controvérsias relativas à legitimidade do Patriarca Siríaco Ortodoxo de Antioquia levaram à divisão dos Malankares. Surgiram a Igreja Ortodoxa Siríaca Malankara, autocéfala e sob a autoridade de um Catholicós e a Igreja Siríaca Jacobita Malankara, que apoiou o Patriarca.

Em 1912, a Igreja Ortodoxa Siríaca Malankar torna-se autônoma e autocéfala sob o Catholicós do Oriente Baselios Paulose I. Papel fundamental para a independência da Igreja foi desempenhado pelo sacerdote Geevarghese Panicker. Após a morte do primeiro Catholicós, o trono ficou vacante até 1925, quando foi eleito Baselios Geevarghese I.

Em 20 de setembro de 1930, um grupo de malankares da Igreja Ortodoxa Siríaca Malankara fez a profissão de fé católica e voltou à comunhão com a Igreja universal. Eles são o núcleo do que viria a ser a Igreja Siro-Malankar Católica. Eram eles: os bispos Geevarghese Mar Ivanios (Geevarghese Panicker) e Jacob Mar Theophilos, o sacerdote John Kuzhinapurath e o Diácono Alexander e o leigo Chacko Kilileth.

Em 11 de junho de 1932, o Papa Pio XI estabeleceu a hierarquia da Igreja Siro-Malankar criando a Metropolia de Trivandrum e a Eparquia de Tiruvalla, como sufragânea. Nomeou Mar Ivanios como Metropolita e Mar Theophilos como Eparca de Tiruvalla. Em 1937, Mar Severios da Igreja Ortodoxa Siríaca Malankar e recebido por Mar Ivanios na Igreja Católica e Mar Dioscoros, Metropolita knanaya da Igreja Siríaca Jacobita Malankara em 1939.

O segundo Metropolita, Benedict Mar Gregorios governou a Igreja Malankar de 1955 a 1994. Foi sucedido por Cyril Mar Baselios em 1995. Em 10/02/2005 a Arquidiocese de Trivandrum foi elevada à condição de Arquidiocese Maior, equiparada a um patriarcado, e Cyril Baselios Catholicós o primeiro Arcebispo Maior de Trivandrum dos Siro-Malankares. Morreu precocemente e foi substituído pelo quarto hierarca e segundo Arcebispo Maior, Baselios Cleemis Catholicós em 2007.

A Igreja usa o Rito Siríaco Ocidental, o qual compartilha com a Igreja Siríaca Católica e, em certa medida, pela Igreja Maronita, como também pelas contrapartes cismáticas de tradição siríaca e malankar.

Conta com mais de 400 mil fiéis na Índia e alguns milhares no exterior, sobretudo nos EUA.

Está organizada em uma Arquidiocese Maior, uma Arquidiocese Metropolita, 7 Dioceses e 2 Exarcados Apostólicos, um dos quais nos Estados Unidos.

Governo

Sua Beatitude Eminentíssima o senhor Cardeal Mar Baselios Cleemis Thottunkal
Arcebispo Maior-Catholicós de Trivandrum dos Siro-Malankares


 
Nascimento: 16/06/1959 em Mallapally, Índia.
Ordenação Sacerdotal: 11/06/1986
Sagração Episcopal: 15/08/2001 como Bispo Auxiliar de Trivandrum.
Eleição: 8/02/2007, confirmada pelo Papa em 10/02/2007.
Cardinalato: 24/11/2012

Site alternativo da Arquidiocese Maior: http://www.syromalankara.org/

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