A Arquidiocese Maior de Kyiv-Halyc é a Sé Primacial da Igreja Greco-Católica Ucraniana, uma das 22 Igrejas Orientais Sui juris em comunhão com a Igreja de Roma.
De acordo com a tradição local, o primeiro evangelizador da atual Ucrânia foi o Apóstolo Santo André, que teria pregado o Evangelho na Cítia. Alguns relatos o situam em Kiev, no ano 55, onde teria plantado uma cruz e profetizado sobre uma grande cidade cristã. Também São Tito teria chegado a Kiev acompanhado de três discípulas cítias, as santas Ina, Pina e Rima. Também os bispos de Roma, São Clemente e São Martinho teriam sido exilados na Crimeia em 102 e 655 respectivamente. Fato inconteste é a presença de um bispo da Cítia no Concílio de Niceia (325) e no de Constantinopla (381). Ali, sob os auspícios de Constantinopla foi erigido uma metropolia para os cristãos ostrogodos.
No século IX, coube aos santos Cirilo e Metódio avançarem com trabalho evangelizador na região noroeste a pedido do soberano da Morávia e enviados por Constantinopla. Seus esforços de traduzir as Sagradas Escrituras e a Liturgia do grego para o eslavônico, para o qual desenvolveram um alfabeto, foram apoiados pelo Bispo de Roma.
Assim, por volta do século IX, a maioria da população eslava do sul e do ocidente da atual Ucrânia já professava o cristianismo. Foram os eslavos orientais, entretanto, mais precisamente o povo Rus', que vieram a dominar o território da atual Ucrânia.
Os príncipes Rus', Askold e Dir, que invadiram Constantinopla em 860, foram batizados naquela cidade. Embora tenham promovido o cristianismo entre os Rus' por cerca de 20 anos, foram assassinados pelo príncipe Oleg, pagão, na disputa pelo trono. No final do século IX, o Patriarca Fócio I de Constantinopla já havia enviado bispos e padres para Kiev. A gradual aceitação do cristianismo pela nobreza Rus' avançou notavelemente com a conversão e o batismo da Princesa Olga em 955. Coube a seu neto Vladimir o Grande tornar o Principado de Kiev um Estado cristão. Em 988, com o batismo em massa no Rio Dniepre, o cristianismo se tornou majoritário no território.
Com o Grande Cisma de 1054, a Igreja dos Rutenos ou Russianos, proto-ucraniana, se manteve associada ao Patriarcado de Constantinopla e assim perdeu a comunhão com a Igreja universal.
Em 1240, os mongóis destruíram Kiev e o metropolita mudou-se para Vladimir, na atual Rússia, em 1299. Em 1326, o metropolita Pedro de Kiev estabeleceu-se em Moscou, e em 1328 mudou seu título para Metropolita de Moscou. Em 1453 foi oficializada a divisão na Igreja do povo Rus', com uma metropolita em Moscou (Igreja Russa) e outra em Kiev (Igreja Rutena), sob o grão-ducado da Lituânia.
Depois de anos de perseguições, por exigência do monarca católico, Sigismundo III Vasa, clérigos e fiéis ortodoxos se submeteram à Igreja de Roma, no que ficou conhecido como União de Brest em 1595. A união não foi aceita por todos, o que levou ao surgimento de uma Igreja Ortodoxa afiliada a Moscou na Ucrânia e na Bielorrússia.
No século XVII, o metropolita católico deixou Kiev e se estabeleceu em Navahrudak, Bielorrússia, e em Vilnius, Lituânia. Neste mesmo período se deu o processo de especialização da língua rutena em três idiomas próprios, o Ucraniano, o Bielorrusso e o Russo.
Com o fim do Grão-Ducado da Lituânia e a partição da Polônia, o território da Igreja Rutena (Greco-Católica) foi dividido entre a Rússia e a Áustria em 1795. Apesar de inicialmente tolerada no Império Russo, a Igreja Greco-Católica foi oficialmente abolida em 1839 e suas propriedades transferidas para a Igreja ortodoxa; cerca de 7 milhões de greco-católicos aderiram à ortodoxia. A dissolução da Igreja completou-se em 1875.
Antes destes acontecimentos o Papa já havia transferido a jurisdição da metropolia de Kiev para a de Lviv, na atual Ucrânia Ocidental, então situada no Império Austro-Húngaro. Nesta região a Igreja Greco-Católica Rutena tornou-se grandemente majoritária. Muito deve aos greco-católicos o renascimento cultural ucraniano, o qual posteriormente daria origem a movimentos nacionalistas.
Com o fim do Império Austro-Húngaro, após a Primeira Guerra Mundial os greco-católicos se viram sob a autoridade de países como Polônia, Hungria, Romênia e Tchecoslováquia. Poucos anos depois, com o fim da Segunda Guerra Mundial, estavam debaixo do poder da Rússia comunista, a União Soviética. Um sínodo forjado reuniu-se em Lviv e revogou a União de Brest e as propriedades transferidas para a Igreja Ortodoxa Russa. A emigração para EUA, Canadá e Brasil, que já começara nos anos anteriores, cresceu neste período.
Apesar da perseguição em massa dos greco-católicos e do favorecimento dos ortodoxos, uma Igreja subterrânea continuou existindo na Ucrânia, com seminários e ordenações secretas. Também floresceu a Igreja na diáspora. O Metropolita de Lviv, Yosyf Slipyi, que passara anos nas prisões soviéticas foi libertado e mandado ao exílio. Houve grande campanha em favor da criação de um patriarcado para os Ucranianos, o que foi rejeitado por Paulo VI e sua ambígua diplomacia. O Papa criou, entretanto, a Arquidiocese Maior de Lviv dos Ucranianos em 1963. Em 1965 o Papa criou cardeal o Arcebispo-Maior dos Ucranianos.
Na década de 80, a Igreja Greco-Católica Ucraniana pode voltar oficialmente a existir na União Soviética. O problema das propriedades eclesiásticas seria uma das principais causas de desentendimento entre os greco-católicos e os ortodoxos na Ucrânia, e entre Roma e Moscou internacionalmente.
Em 2004, o então Arcebispo Maior de Lviv dos Ucranianos, Cardeal Lubomyr Husar, retornou a sede da Arquidiocese Maior para Kyiv.
A Igreja Ucraniana usa o Rito Bizantino, o qual compartilha com os demais ortodoxos na Ucrânia. Conta com mais de 5 milhões de fiéis na Ucrânia e milhares de outros na diáspora, sendo a maior Igreja Oriental Católica.
Está organizada em uma Arquidiocese Maior, sé equiparada a um patriarcado, 7 Arquidioceses Matropolitas, 18 Dioceses, um Exarcado Apostólico e 5 Exarcados Arquiepiscopais.
Governo
Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk
Arcebispo Maior de Kyiv-Halic dos Ucranianos
Nascimento: 5/05/1970 em Stryi, Ucrânia
Ordenação Sacerdotal: 26/06/1994
Sagração Episcopal: 7/04/2009 como Bispo Auxiliar de Buenos Aires dos Ucranianos.
Eleição: 23/03/2011, confirmada pelo Papa em 25/03/2011.
Site Oficial da Arquidiocese Maior: http://www.kyiv.ugcc.org.ua/
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