sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Cardeais Guianeses

 


A República Cooperativa da Guiana é um país localizado na América do Sul, cuja capital é Georgetown e tem uma população estimada em 790 mil habitantes. Sua população é bastante diversificada, sendo os descendentes de indianos o grupo majoritário (43%), seguidos pelos afrodescendentes (30%) e pelos indígenas (9%). 

A região foi originalmente habitada por variados grupos indígenas, até ser colonizada por holandeses e finalmente transferida, no final do século XVIII, ao controle britânico. Tornou-se independente em 1966, tornando-se parte da British Commonwealth of Nations em 1970. É o único país sul-americano que tem o inglês como idioma oficial.

A religião cristã é majoritária no país (63%). Há ainda uma minoria significativa de hindus (25%) e de muçulmanos (7%). Entre os cristãos, os anglicanos formam o grupo majoritário, organizados na Diocese Anglicana da Guiana, seguidos pelos católicos e presbiterianos. O grupo que mais cresce atualmente é o dos pentecostais.

A evangelização do país remonta ao ano de 1652 com a chegada do jesuíta Pe. Denis Meland. Se, porém, a obra da evangelização progrediu nos domínios franceses, não houve avanço na região dominada pelos holandeses. No final do século XVIII, os jesuítas voltaram à região do Demerara. 

Em 1819, Roma nomeou um vigário apostólico, o bispo James Buckey, para os católicos residentes nas colônias inglesas e holandesas da Jamaica à Guiana, com sede em Port of Spain.

Em 1824, o Pe. Joseph Anthony Rendon chega a Georgtown para a Páscoa. Em sua segunda visita em 1825, é formado o Committee of Catholic Gentlemen para a edificação de uma capela. Em 1826, o Bispo Buckley nomeia o Frei John Thomas Hynes, OP, como capelão residente.

Em 12/04/1837 foi criado o Vicariato Apostólico da Guiana Britânica e nomeado Vigário Apostólico o irlandês Dom William Clancy, que era Bispo Coadjutor de Charleston nos EUA.

Em 1843, Dom John Thomas Hynes, OP tornou-se administrador apostólico e, em 1846, Vigário Apostólico. Frei Hynes havia sido sagrado bispo em Roma em 1838 para a diocese de Kefalonia-Zakynthos na Grécia.

Em 1857, com a despedida do Bispo Hynes, os jesuítas assumem a evangelização na colônia britânica. Desde então quatro bispos jesuítas (três ingleses e um irlandês) se tornaram vigários apostólicos.

Em 29/02/1956 foi criada a Diocese de Georgetown e nomeado seu primeiro bispo, o jesuíta escocês, Dom Richard Lester Guilly, SJ (1905-1906), que governou a Diocese até  1972.

Em 1971 é consagrado como bispo auxiliar de Georgetown, Dom Benedict Ganesh Singh (1927-2018), que foi Bispo Diocesano de Georgetown de 1972 a 2003. Descendente de indianos, foi o primeiro e único bispo nascido na Guiana.

O terceiro e atual bispo da Diocese de Georgetown é o beneditino Dom Francis Dean Alleyne, OSB, natural de Trinidad e Tobago.

A Diocese conta com 24 paróquias e serve aos 53 mil católicos (7% da população) em todo o país. 

Nunca houve um cardeal nascido na Guiana, tendo falecido em 2003 o único bispo guianês.

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Cardeais Finlandeses

 


A Finlândia, Suomi no idioma local, é um país nórdico de 5 milhões e 600 mil habitantes, cuja capital é Helsinki. 

A região é habitada desde o ano 9.000 a.C, no final da última Era de Gelo. Durante a Idade da Pedra várias culturas emergiram, enquanto na Idade do Bronze e na Idade do Ferro ocorreram interações com outras culturas nórdicas e bálticas. Uma forma primitiva de língua fínica surgiu por volta do ano 1.900 a.C.

No século XIII, a Finlândia se tornou parte do Império da Suécia, como resultado das Cuzadas Livônias. A costa da Finlândia foi colonizada pelos cristãos da Suécia, colocando a Finlândia sob a influência da cultura ocidental e da Igreja Católica. 

Em 1809, formou-se o Grão-Ducado da Finlândia, como Estado autônomo, governado pelo Império Russo. Em 1917, a Finlândia declarou sua completa independência, como uma República presidencialista.

Introdução do Cristianismo

Os indícios mais antigos da presença cristã na região datam do século IX e consistem em vestígios encontrados em cemitérios arqueológicos. Provavelmente, essa primeira presença se deveu aos cristãos de tradição oriental.

No século XII, o cristianismo já era dominante na região de Turku, onde o mártir Santo Henrique fundou a primeira Diocese e se tornou seu bispo.

A Diocese de Torku ou Åbo, fundada em 1164 como sufragânea da Arquidiocese de Uppsala, foi extinta em 1522 em consequência da reforma protestante. Estavam presentes os dominicanos, franciscanos e as religiosas de Santa Brígida. A diocese seguia o Rito Dominicano na sua liturgia. 

Reforma Protestante

Com a imposição do luteranismo pelo rei sueco Gustav Vasa (1527), foi nomeado um bispo luterano para Torku, o Vigário Geral da província dominicana da Dácia, Martinus Johannis Skytte, que manteve as antigas formas católicas.

A reforma doutrinal ocorreu sob o Mikael Agricola, discípulo direto de Lutero em Wittenberg, e bispo luterano de Torku de 1554 a 1557. Agricola traduziu a Bíblia e confeccionou a liturgia em finlandês, e também manteve alguns costumes católicos.

Com a criação do Grão-Ducado da Finlândia, a Diocese de Torku se tornou independente da Igreja luterana da Suécia. Foi elevada à Arquidiocese Metropolitana e, juntamente com a Diocese de Porvoo, formou a Igreja luterana da Finlândia.

Em 1869, a Igreja luterana separou-se do Estado, passando a ser governada por um Sínodo. Em 1889, foi legalizada a liberdade de culto a outras Igrejas cristãs. Em 1919, a nova República declarou-se não-confessional e ampliou a liberdade religiosa.

Atualmente, 65% dos finlandeses pertencem à Igreja luterana da Finlândia (cerca de 3 milhões e 600 mil fiéis).

Igreja Ortodoxa Finlandesa

Provavelmente, o cristianismo oriental foi o primeiro a chegar ao território da Finlândia já no século IX. Essas raízes, entretanto, se perderam com a chegada dos cruzados no século XII.

Houve na Karelia uma maioria ortodoxa de etnia russa que, porém, reduziu-se com a conquista da região pela Finlândia. Os remanescentes ortodoxos em território finlandês permaneceu pertencendo à Igreja Ortodoxa Russa até 1923.

Nesse ano, tornou-se uma Igreja autônoma sob o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. Compõe-se de 3 dioceses e de apenas 55 mil fiéis (1% da população), a despeito dos esforços do Império Russo que dominou o país por mais de 100 anos. Há um pequeno número de fiéis (cerca de 3 mil) sob a jurisdição da Igreja Ortodoxa Russa.

Renascimento da Igreja Católica

Desde a reforma protestante, as primeiras liturgias católicas foram celebradas na Finlândia em 1796, por Paolo Moretti, Vigário Apostólico da Suécia. Em 1799, foi criada a primeira paróquia em Viipuri (atual Vyborg na Rússia).

Em 1830 já havia cerca de 3 mil católicos, servidos por frades dominicanos da Lituânia e sob jurisdição da Arquidiocese Metropolitana de Mohilev (então parte do Império Russo). Em 1856, foi fundada a Paróquia de Santo Henrique em Helsinki.

Em 1882 os padres e freiras alemães foram expulsos do país e, em 1912, todos os demais religiosos estrangeiros.

Em 1920, foi estabelecido o Vicariato Apostólico da Finlândia, governado por dois bispos holandeses. Foi criada uma paróquia em Torku (1926) e outra em Terijoki (1927). Em 1929, o governo conferiu status legal à Igreja Católica e, em 1942, foram estabelecidas relações diplomáticas com a Santa Sé.

Com o fim da II Guerra Mundial, as paróquias de Viipuri e Terijoki (que passaram à URSS) forma transferidas para Lahti, e uma foi criada em Jyväskylä. Mais uma paróquia foi criada em Helsinki (1954), alcançando um total de 5 paróquias em todo o país.  

Em 1920, foi criada a Diocese de Helsinki, cuja jurisdição cobre todo o país. A Igreja Catedral de Helsinki conserva as relíquias de Santo Henrique, que antes se encontravam na Catedral Luterana de Turku.

O bispo emérito de Helsinki, Dom Teemu Jyrki Juhani Sippo, SCJ (2009-2019), foi o primeiro finlandês ordenado bispo desde a reforma protestante. 

Atualmente há cerca de 17 mil católicos registrados no país e estimadados 10 mil sem registro (0,5% da população), distribuídos em 8 paróquias.

A jurisdição da Diocese de Helsinki se estende às Ilhas Åland, região autônoma de língua sueca. Não há paróquias nas Ilhas, mas duas igrejas que servem à diminuta comunidade católica na capital Mariehamn. As belas igrejas medievais pertencem à Igreja luterana da Finlândia.

Jamais um finlandês foi elevado à púrpura cardinalícia.


 

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Cardeais Groenlandeses

 


Origens

A Groenlândia, Kalaallit Nunaat no idioma local, é um país constituinte do Reino da Dinamarca, localizado na América do Norte. É a maior ilha do mundo e possui pouco mais de 56 mil habitantes. A imensa maioria da população é composta de Inuits, grupo indígena originário do Alasca e presente em todo o Ártico. 

Os Grænlendingar, colonizadores nórdicos originários da Islândia, foram os primeiros europeus a alcançar o continente americano, estabelecendo-se no ano de 986 d.C. em Brattahlí∂, atual Qassiarsuk. Ali também foi erguida a primeira Igreja cristã nas Américas.

Leif Eriksson, filho de Erik the Red, levou o cristianismo para a colônia por volta do ano 1000 d.C. Por volta do ano 1124, os colonos enviaram Einar à corte do rei noroeguês e solicitaram um bispo residencial. Foi enviado o bispo Arnold e, em 1126 d.C., criada a Diocese de Gar∂ar, primeira circunscrição eclesiástica das Américas, sufragânea da Arquidiocese de Nidaros na Noruega.

No auge da colonização, havia 5 mil católicos em dois assentamentos, para os quais foram construídas 16 igrejas e dois mosteiros de monjas beneditinas. Houve 23 bispos entre 1126 e 1537, quando a diocese foi supressa. Desses, apenas os nove primeiros residiram na Ilha, sendo os demais apenas titulares, em razão do fim da colonização nórdica.

Os nórdicos restabeleceram contatos com a Ilha apenas no século XVII. No ano de 1721, uma expedição missionária e mercantil, liderada pelo dinamarquês-noroeguês Hans Eguede e seu filho Poul Egede. Eles estabeleceram uma missão em Godthåb, atual Nuuk.  Poul Egede foi ordenado bispo em 1779. A presença cristã na Groenlândia consistia na missão luterana nórdica e na missão morávia de Matthäus Stach.

Com a dissolução da união das coroas Dinamarquesa e Norueguesa, em 1814, a Ilha ficou sob o controle da primeira, e a missão cristã dirigida pela Igreja Luterana da Dinamarca. Em 1980, foi ordenado um bispo luterano para a Groenlândia e em 1993 foi estabelecida uma diocese independente de Copenhague. A ela pertence a maioria dos cristãos groenlandeses.

Renascimento da Igreja Católica

Embora parte da Prefeitura Apostólica do Polo Norte desde 1855 e, a partir de 1868, da Prefeitura Apostólica da Dinamarca, missionários católicos só visitaram a Groenlândia por volta de 1930, por instância do Vigário Apostólico da Dinamarca.

Em 1972, foi dedicada a Igreja de Cristo Rei, única paróquia na Ilha, pertencente à Diocese de Copenhague. Conta com um sacerdote e cerca de 100 fiéis católicos.

Não houve, até o momento, nenhum groenlandês elevado à púrpura cardinalícia. Não há sequer um sacerdote católico nascido no país desde os tempos da colonização nórdica medieval.

Cardeais Faroeses

 


As Ilhas Faroe são um país constituinte do Reino da Dinamarca, localizadas no Atlântico norte, entre a Escócia e a Islândia. É um arquipélago formado por 18 ilhas maiores e várias outras menores, com cerca de 54 mil habitantes. A cidade de Tórshavn, de apenas 16 mil habitantes, é a capital.

Origens

Há evidências da presença de navegadores das Ilhas Britânicas ou da Irlanda no arquipélago datadas por volta do ano 500 d.C. Entretanto, a colonização só se efetivou com a chegada dos nórdicos em 800 d.C.

O cristianismo foi introduzido por Sigmundur Brestisson (961-1005). A Diocese de Fær Øer foi estabelecida em 1080 d.C., com sede em Kirkjubøur, e como sufragânea da Arquidiocese Metropolitana de Hamburg-Bremen, passando à jurisdição dinamarquesa em 1523 d.C.

Desde sua fundação até a reforma protestante, a Igreja Faroesa foi governada por cerca de 25 bispos católicos, sendo o último Ámundur Ólavsson, falecido em 1538.

O bispo luterano, Jens Riber, durou poucos anos, sendo substituído por um superintendente ou preposto (Dómpróstur), representante do Bispo luterano de Zealand, na Dinamarca. Apenas em 1963, foi escolhido um bispo luterano sufragâneo para as ilhas e, em 1990, criada uma diocese. Em 2007, a Igreja Luterana das Ilhas Faroe se tornou independente da Igreja Luterana da Dinamarca.

Pertencem à Igreja Luterana faroesa cerca de 41 mil fiéis, 77% dos habitantes das ilhas.

Renascimento da Igreja Católica

Com a introdução da liberdade de culto na Constituição Dinamarquesa de 1849, houve uma primeira tentativa de reviver a fé católica nas ilhas. O sacerdote bávaro Georg Bauer chegou a Tórshvn em 1857, construiu uma capela, mas não obteve sucesso. Apenas sete pessoas se fizeram católicas e alguns outros assistiam às funções litúrgicas. Deixou as ilhas em 1880, sem sucessor.

No ano de 1900, havia apenas uma fiel católica na vila de Hvítanes, a quem um sacerdote de Copenhague visitava uma vez ao ano para a celebração da Missa.

Em 1931, dois jovens sacerdotes, um holandês e outro escocês, chegaram às ilhas para restabelecer a Igreja local. Também chegaram as religiosas franciscanas.

Atualmente, a paróquia local, Mariukirkjan em Tórshvn, conta com cerca de 300 fiéis católicos de várias nacionalidades em todo o arquipélago.

Nunca houve um faroês elevado ao cardinalato. Desde a reforma, sequer há um sacerdote católico originário das ilhas. 

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Cardeais Dinamarqueses

 


História

A fé cristã chegou à Dinamarca pelo monge anglo-saxão São Willibrord, no século VIII d.C., cuja missão entre os Frísios não foi bem sucedida.

O Rei Dinamarquês Harald Klak, destronado e exilado, foi batizado no ano 826 d.C., quando esteve refugiado no Império Carolíngio. Retornando à Dinamarca, levou consigo Santo Oscar, o Apóstolo do Norte, cujo trabalho de evangelização deu frutos consistentes.

No século X foram criadas as três primeiras sés da Dinamarca (Schleswig, Ribe e Aarhus) e ordenados seus três primeiros bispos, sufragâneos do Arcebispo Metropolita de Hamburg-Bremen. Poucos anos depois foi criado um quarto bispado em Odense. A conversão oficial do país se deu, porém, em 958 d.C., no reinado de Harald Bluetooth.

Os quatro bispos deixaram o país em 987, com a tomada de poder de Sven Forkbeard, que destronou seu pai. O novo rei apoiou a presença de bispos missionários ingleses, sem sede episcopal permanente. Ao longo do século XI, as dioceses voltaram a ter bispos residenciais.

As heresias luteranas foram introduzidas na Dinamarca por volta do ano 1520, por Hans Tausen, e oficializadas pelo rei Christian II em 1536, com a criação da Igreja Luterana da Dinamarca, ainda hoje religião oficial do Estado. Cerca de 70% dos dinamarqueses de declaram membros da Igreja oficial.

Igreja Católica na Dinamarca

Com a liberdade de culto, foi reorganizada a presença católica no país com a ereção da Prefeitura Apostólica da Dinamarca em 1868. Em 1892 foi promovida a Vicariato Apostólico e consagrado bispo, o alemão Johannes von Euch. Em 1953, foi criada a Diocese de København (Copenhague) e nomeado seu primeiro bispo, o dinamarquês Johannes Theodor Suhr.

A diocese conta com cerca de 53 mil católicos (menos de 1% dos 6 milhões de habitantes) e sua jurisdição se estende a todo o país, à Groenlândia e às Ilhas Faroe. 

Até o momento, nenhum dinamarquês foi elevado ao cardinalato.

Veja também:

Igreja Católica nas Ilhas Faroe

Igreja Católica na Groenlândia

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Cardeais Búlgaros

 


A Bulgária é um país majoritariamente cristão. Com uma população de aproximadamente 6.500.000 habitantes, cerca de 4.200.000 (63%) são cristãos. Desses, a maioria pertence à Igreja Ortodoxa, cujo Patriarcado remonta ao ano 927 d.C. Com o cisma de 1054, a Igreja da Bulgária, seguindo o Patriarcado de Constantinopla, rompeu a comunhão com a Igreja de Roma.

Os católicos somam apenas 60 mil fiéis (menos de 1% da população), distribuídos em 3 jurisdições eclesiásticas: a Diocese de Sofia-Plovdiv e a Diocese de Nikopol (latinas) e a Eparquia de São João XXIII de Sofia (rito bizantino).

Até hoje nenhum búlgaro foi criado cardeal.

domingo, 17 de setembro de 2023

Cardeal Comastri completa 80 anos

 Sua Eminência Reverendíssima o senhor Cardeal Angelo Comastri, Arcipreste Emérito da Basílica Papal de São Pedro, completa hoje 80 anos.

Segundo o estabelecido pelo Motu proprio "Ingravescentem aetatem", de 21/11/1970, perdeu o direito de participar do Conclave para a eleição do Romano Pontífice.

Nesta data, o Sacro Colégio dos Cardeais passa a contar com 221 purpurados, dos quais 119 são eleitores e 102 não-eleitores.